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A importância da mulher empreendedora e o porquê ela muda o mundo em que vive

Empreendedorismo, para mim, é fazer acontecer, independentemente do cenário, das opiniões ou das estatísticas. É ousar, fazer diferente, correr riscos, acreditar no seu ideal e na sua missão.

Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza

Como havia escrito nos textos passados, para mim empreender foi algo natural, como se fosse a extensão de minha capacidade criativa para gerar algum tipo de renda. Algo para que nós, seres humanos criativos e feitos para sobreviver que somos, fomos criados.

Confesso que me assumi realmente empreendedora, anos mais tarde dos meus primeiros passos no empreendedorismo. Inicialmente meu caminho começou de forma automática, muito mais do que planejado e controlado. Eu fui indo, fui fazendo, sem dar muita importância aos meus motivos nem aos meus porquês.

 Devido a isso nunca tinha parado para pensar em que poderia existir uma divisão essencialmente feminina e no seu impacto na construção da sociedade em que vivemos.

 Para mim empreender era um verbo, do qual todos nós fazíamos parte e tínhamos os mesmo direitos, deveres e resultados.

Anos depois, ao conhecer aquela pequena artesã no Piauí ou a empresária gigante que comanda milhões desde seu celular, entendi que o empreender para a mulher significa mudar o rumo de sua família, permitir a educação dos seus filhos e mudar com maestria e habilidade o entorno em que vivem e suas micro sociedades.

Mas isso são características do empreendedorismo essencialmente feminino? Claro que não! Todo e qualquer empreendimento no mundo, seja ele comandado por uma mulher ou por uma porção de homens tem a capacidade de gerar este tipo de riqueza. Mas agora quero mostrar alguns dados e considerações interessantes e, talvez, tocar um pouco a relevância do tema para a todos nós.

Segundos dados do IBGE hoje no Brasil 4 em cada 5 lares são chefiados por mulheres, e, destas 4 mulheres, 41 por cento têm seu próprio negócio. Ou seja, estamos rodeados por mulheres que fazem acontecer no nosso país.

Baseado nestes dados, começamos a entender a importância e a ferramenta de mudança social que é o empreendedorismo feminino.

Nós mulheres enxergamos no empreendedorismo uma forma real de conseguirmos independência, fugirmos dos sexismo e da desigualdade do mundo corporativo, melhorarmos nossas vidas e gerenciarmos melhor o nosso tempo.

Sabemos que o mercado de trabalho tradicional não oferece condições de trabalho igualitárias que correspondam às necessidades da mulher que, na maioria das vezes tem que se multiplicar no trabalho fora e dentro da casa conciliando seu tempo com a educação de seus filhos.

Uma das questões que sempre me incomodou e que me levou pessoalmente a empreender foram justamente os meus filhos.  Dentre as incontáveis dificuldades presentes no ato de ser mãe e trabalhar fora, quando tive meu primeiro filho senti na pele uma das grandes dificuldades de todas nós, sobretudo se não temos uma família presente que nos possa ajudar com as crianças de forma consistente.

Para dar um exemplo fácil de entender, o horário da escola ou da creche é algo massacrante para a mulher que trabalha fora e é pensado e desenhado para pessoas que têm o tempo bastante livre, pois ao ser apenas meio período ofertado pela escola e ao terminar as aulas às 17:30, ficamos praticamente reféns de um horário que não é real para 90 por cento da população feminina que trabalha com carteira assinada. Este hoje é o principal motivo que as mulheres começam a empreender, para poder gerenciar melhor o seu tempo depois que têm os filhos.

Outro ponto de extrema relevância é que sabemos que a mulher é o elo mais vulnerável na nossa sociedade quando falamos de violência doméstica ou feminicídio. A mulher que consegue independizar-se financeiramente do parceiro abusador ou violento, tem mais chances de se proteger destes abusos ou, ao menos, tem a oportunidade de escapar sem tantas sequelas destes tipos de violência.

Quando falamos que de números e estatísticas, a porcentagem de mulheres que cuidam de seus filhos sozinhas, no Brasil, é de aproximadamente, 20 por cento. Destas mulheres, boa parte empreende para seu sustento. Portanto, fomentar sua independência e realmente usar o adjetivo feminino depois da palavra empreender é emponderar, libertar e, indiretamente, criar uma sociedade melhor, com mais educação, equilíbrio e igualdade.