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Afinal, o que é empreender?

empreender

verbo

  1. transitivo direto

decidir realizar (tarefa difícil e trabalhosa); tentar.

“e. uma travessia arriscada”

2. transitivo direto

pôr em execução; realizar.

“e. pesquisas”

Verbo super em voga nos dias de hoje e objeto de palestras, cursos, workshops sobre o tema, quem a escuta, de início tem a ilusão de algo de sucesso, de grandes feitos, grandes empresas, de resultados satisfatórios, de poder e de trabalho.  A palavra em si tem o significado acima descrito, mas o seu significado é muito mais amplo, gostaria da permissão dos leitores para passar a minha visão, simplista talvez, e desmistificar a palavra pois é através dela que temos todo e qualquer tipo de progresso e conforto em nossa sociedade.  Gostaria de deixar claro que existe uma grande diferença entre ser empresário e ser empreendedor, todo empresário necessariamente é um empreendedor, mas nem todo empreendedor é um empresário.

Escutei inúmeras vezes as pessoas me dizerem: Daniela, você consegue fazer isso porque você é empreendedora, como se fosse um dom ou uma característica que somente eu e um grupo seleto da humanidade tivéssemos acesso. Acredito que todos nós nascemos empreendedores e que a nossa sociedade moderna de certa forma diminuiu isso. Espero, sinceramente, que ao final do texto você se veja como um empreendedor. Adormecido talvez, mas um empreendedor.

Na minha opinião empreendemos por necessidade. A necessidade é a mãe da criatividade que por sua vez é a mãe da inovação através do seu instrumento principal que se chama ação. Na minha vida tive o privilégio de conhecer grandes empreendedores, desde mulheres pequenas e franzinas no interior da África, cujo o seu empreendimento nada mais era que o artesanato que ela vendia, até o milionário norte americano que movimenta mais de um bilhão de dólares o qual tive o prazer de conhecer em um evento no ano passado. Todos são grandes empreendedores. Como assim você deve estar me perguntando? Como comparar estes dois tipos de perfis e coloca-los sob a mesma perspectiva?

Todo empreendedor é um visionário. As visões mudam de acordo com a sociedade em que vivemos e o passado que trazemos. Todo empreendedor é um solucionador de problemas, um criador de soluções e um melhorador de sociedade. Todo empreendedor é capaz de produzir algo de muito pouco ou quase nada, apenas usando o seu senso criativo e os recursos disponíveis. A partir desta ótica começamos a entender o que temos em comum entre a senhorinha maasai no Quênia e o bilionário californiano. Ambos empreendem com o que podem e como podem. Perante a ótica da sociedade onde cada um vive, ambos têm sucesso.

Acredito que a minha avó e provavelmente a sua também eram super empreendedoras. As minhas avós pouco ou nada entendiam de economia global, não entendiam sobre juros, acredito que morreram sem saber o que era um plano de negócios. Nunca ouviram falar de soft skills, com elas, o negócio era bruto, mas empreenderam no âmbito familiar. Criar uma família numerosa era como gerenciar uma empresa. A quantidade de comida disponível para o mês, a forma como ela seria distribuída para ser suficiente para todos era o seu fluxo de caixa. As formas de gerar renda extras, seja com um crochê, ou vendendo pães eram as aplicações financeiras e as estratégias de marketing. Fazer com que os filhos mais velhos cuidassem dos filhos mais novos com eficiência e amor era gestão de pessoas e duplicação.  Ir morar em um lugar distante e começar a vida do zero com a família em busca de melhores oportunidades era como se fosse abrir uma empresa nova com um produto desconhecido em um país novo. Era ser pioneiro.

Acredito que você que está lendo o meu texto e é um funcionário de uma empresa, muito provavelmente se veja como um não- empreendedor. Quero fazer algumas perguntas e as responda com sinceridade. Você é sincero ou gostaria de ser no seu ambiente de trabalho? É pró-ativo? Soluciona problemas ao invés de criá-los? Faz mais do que lhe foi pedido e entende que somos parte de um todo e não uma parte separada da empresa? Exercita suas ideias no âmbito laboral? Acredita que a criatividade é uma qualidade?

Se você respondeu sim para duas ou mais perguntas acima, bem-vindo ao clube! Você é um empreendedor, se você nunca percebeu isso observe melhor que você irá descobrir novas e interessantes qualidades e, talvez um dia, em algum momento pode ser que tenha até o seu próprio negócio, quem sabe?

Espero que o texto tenha simplificado a ideia do empreendedorismo, gostaria realmente que todos os meus amigos que estão lendo aqui se vissem como empreendedores. Senão de uma grande empresa ou de grandes projetos, empreendedores de suas próprias vidas. Que cada pessoa que por aqui passou hoje entenda que dentro de nós existe a capacidade natural de criação de vida, de sucesso e de riqueza que é inerente a cada ser humano.

Um beijo grande e até o próximo mês.

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Quando descobri que empreender fazia parte de mim

empreendedorismo, sonho, juventude, vida, riqueza

Me chamo Daniela, tenho 41 anos, sou brasileira, casada e mãe de três filhos. Minha carreira de profissão é a odontologia. A do coração é o empreendedorismo. Mal sabia eu que um está diretamente ligado ao outro assim como empreender está ligado em minha alma e meu coração.

Comecei no ramo dos “negócios” muito jovem, sempre tive uma inquietude muito grande e na minha casa o dinheiro não era algo que abundava com facilidade. Não passávamos necessidade alguma, mas o dinheiro tampouco sobrava. O meu primeiro negócio foi no ramo de bijoux. Eu fazia bijuteria para vender. Oferecia para as amigas da minha mãe, para minhas vizinhas e companheiras de igreja de minha avó. Todas compravam. Creio que era por que achavam bonitinho ver uma menina de 12 anos e 1,50 de altura vendendo seus trabalhos, compravam mais por piedade do que por qualidade. Mas não importava. Para mim naquele momento o que importava era que eu vendia. Se iria vender novamente fidelizar o cliente ou aumentar minha rede de consumo pouco me importava. Afinal, já tinha uns trocados para um sorvete ou um chocolate a mais no mês.

 Aos quinze anos decidi que necessitava de uma renda mais constante, mas meu pai não me deixava trabalhar pois ele dizia que o importante era estudar e assim o fiz, mas a insatisfação e a necessidade de um dinheiro para mim sempre estavam ali. Decidi começar no ramo das vendas diretas. Vendas por catálogo mais precisamente. Representei esta empresa por mais de 15 anos. Nunca fiz um bom dinheiro. Fiz algum dinheiro que serviram para minhas despesas.

Neste meio de tempo cursei odontologia. Sempre buscando uma maneira de trabalhar, mas era quase impossível. Meu curso era integral e bastante puxado. Então descobri que meus tempos livre e as festas que tanto gostava poderiam me render algo de dinheiro. Sempre que possível comprava cerveja para revender nas festas universitárias, ou até mesmo nos aglomerados que se formavam nas ruas repletas de vestibulandos de minha cidade.  

O tempo passou, me formei, fiz o que seria natural em minha profissão, que foi montar meu consultório. Na minha época não existiam grandes clínicas que empregavam dentistas. Então a única forma de trabalhar que tínhamos ou era prestar um concurso ou abrir seu consultório.  Na verdade, ainda não empreendia da forma que sei hoje, não tinha ideia de mercado e nem de começar uma start up como os jovens de hoje. O meu empreendedorismo era mais primitivo. Empreendedorismo raiz. Na realidade, hoje sei que tinha algo essencial a todo empreendedor: insatisfação e necessidade. Descobri que os clientes não entravam em meu consultório sozinhos. Estava insatisfeita. Descobri que as contas venciam no final do mês. Tinha necessidade.

Foi aí que outra característica de um empreendedor aflorou em mim: a criatividade. Aprendi a ter que procurar clientes, fidelizar clientes, pedir indicações. Aprendi o poder do networking, das amizades. De se ter um serviço bacana.

Então, quando engravidei do meu primeiro filho, descobri que não teria renda no tempo em que estivesse parada. Que minha licença maternidade talvez não existisse. Entendi que tinha uma profissão linda, mas que, caso algum dia acontecesse algo com minha mão ou com meu físico não teria como me manter. Foi quando entendi que precisava me aprimorar. Não daria mais para depender somente do meu trabalho. Eu agora tinha uma criança. Mas e se eu me machucasse? Quem pagaria minhas contas? Sabia que precisava de um negócio que funcionasse mesmo se estivesse doente ou ausente.

Decidi, então montar a minha primeira clínica odontológica. Ter um negócio era uma forma de ter renda mesmo que, eventualmente, estivesse ausente, aprendi uma nova profissão na minha empreitada empreendedora. A de empresária. Tive que aprender a ser gestora de pessoas, tive que melhorar meus relacionamentos,  confesso que sair de um mundo fechado de ser dentista, fechada na minha sala 3×3 sozinha com o paciente em silêncio, para uma clínica barulhenta, com diversos funcionários e mais de 1000 pacientes por mês foi algo muito desafiador. Daquela época até hoje, já tive 5. A maior dela atendia 1000 pacientes ao mês.

Em 2015 meu marido teve uma proposta de trabalho para ir a África.  Depois de anos estressantes e de muito trabalho, decidi acompanha-lo. Morei dois anos no Quênia e mantive o controle da minha clínica de forma remota. Sair da rotina de um dia-a-dia em um escritório me deu a oportunidade de refletir muito. Aprendi que a tecnologia é fantástica. Nestes anos, aprendi uma outra característica de um empreendedor, desta vez do empreendedor do século XXI: o mundo de hoje não tem fronteiras.

Estes anos me deram a visão de que minha função na minha clínica estava completa e que eu já era dispensável. Necessitava exercitar novamente a minha criatividade e queria fazer mais pelo mundo e pelas pessoas que conhecia. Decidi em agosto de 2018 vender a minha parte na sociedade e tomar outros rumos.

Hoje trabalho com marketing e liderança em alta performance, tenho um carinho especial em ajudar mulheres. Acho que a mulher empreendedora modifica o mundo em que vive e, consequentemente, o nosso mundo. Somos muito generosas quando queremos. Não foi fácil a transformação da menina que fazia Bijoux para alguém em um ramo totalmente diferente. Todos estes anos de transformação contiveram choros, dias ruins, desafios, vontades imensas de desistir e ser apenas uma dona de casa e mãe dos meus filhos.

Aprendi que o empreendedorismo sempre esteve em mim.  Que está em todos nós. Somos empreendedoras raiz desde o dia em que nascemos. É o ate de empreender que modifica a relações sociais, modifica o ambiente, gera renda e uma sociedade mais justa. As mulheres empreendedoras geram independência e menores chances de estarem em relações abusivas. Criam lares mais abundantes e mais felizes.

Convido a todos vocês a nos acompanharem neste nosso universo empreendedor, recosntrutor, cheio de propósito e gratidão que está sendo feito com muito amor e respeito.

Um forte abraço a todos